sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Instinto de Sobrevivência

Foto retirada daqui

Vejo da janela do escritório num pequeno espaço verde um grupo de crianças brincava debaixo de uma robusta laranjeira. Ao lado estava um outro grupo de crianças acompanhadas das educadoras a plantar vegetais. Faziam um buraquinho no solo e plantavam os pequenos vegetais, tapavam com terra, regavam e refaziam novamente o rego na terra para a água não escorrer pelo outro lado. No fim da labuta manual, só faltou catalogar os vários vegetais ali plantados. Tarefa que calhou às educadoras. Sobre a supervisão das educadoras estavam a divertir-se e a aprender os instintos básicos da sobrevivência. Sentei-me e pensei nos rostos anónimos que por ali têm passado.

Uma palavra me veio à memória SOBREVIVÊNCIA é uma palavra que deve ser reaprendida, estudada e assimilada.

Questionei-me sobre os instintos de sobrevivência, os meus e dos que me são mais queridos.

Os valores fundamentais que tenho ensinado aos meus filhos e a disciplina de sobrevivência não fazem parte dos programas básicos de ensino.

A pouco e pouco tenho tentado sensibilizá-los para a situação em que o país se encontra, a precariedade com que algumas famílias sobrevivem.

É complicado tentar fazer entender os meus filhos que não ter computador novo, telemóvel, ou aumento na mesada é menos grave que não ter dinheiro para pagar as contas de manutenção da casa e ter comida na mesa. Que há pessoas que têm bons automóveis, boas habitações e vestem roupas de marcas, no entanto perdem os seus empregos e…. não têm como se alimentarem, batendo mesmo no fundo do poço.

Neste contexto a controvérsia começa todos os dias à hora das refeições são pontuais as criticas aquilo que comem.

A carne é mais barata que o peixe, porque é que insistes em comprar peixe, saladas e legumes sabem a ervas….blá,blá,blá…..o arroz, massa e batatas são suficientes. Argumento que aqui não está o preço dos alimentos, mas sim o preço da saúde. Dou-lhes lições de gastronomia. Passo a discursar que na minha adolescência os alimentos que faziam parte da alimentação da maioria dos portugueses eram mais naturais, não existiam aromas e sabores artificiais, as natas não faziam parte da alimentação diária, era tudo confeccionado ao natural, não existiam alimentos pré-cozinhados, nem congelados. Por isso a alimentação era mais racional. Algumas pessoas viviam das pequenas hortinhas, outras das colheitas dos agricultores portugueses. As pessoas viviam, e viviam bem, pudera, não conheciam outra realidade. Agora será mais difícil tentar viver como antigamente, a realidade é outra, as pessoas estão habituadas a todas as mordomias, aos produtos importados. Tal como vocês vão ter muito que apreender um dia. E eu também a, reaprender ……. (em tom de ameaça) Um dia vocês vão ver, até as espinhas comem….

Acabo o sermão um pouco nostálgica, tanto que me apetecia aquelas comidinhas de antigamente, sopa tomate, sopa de cação, sopa de beldroegas, sopa de feijão... blá..blá

A resposta é sempre a mesma, então faz, mas só para ti… nós também gostamos de migas, de cozido à portuguesa, carne porco frita, são comidas tradicionais, assados blá..blá…

Como sensibilizá-los que comemos para viver e não vivemos para comer. O que mais me preocupa não é só a alimentação calórica mas a falta quase total de vegetais na alimentação deles. E se um dia a crise chegar à mesa daquelas alminhas! Como iram encarar os legumes, as saladas, as sopas, os guisados, atum e salsichas, (enlatados) atum, sim, porque de atum, quer dizer, lasanha até gostam. Valha-me isso! Pois claro, tem natas...


15 comentários:

  1. Já "te" leio há bastante tempo, assim...de forma discreta.
    Gosto muito do teu blog, da forma como escreves (tão bem).
    Este teu post é tão interessante....eu tb tenho este tipo de discursos em casa, a minha pequena-maior (6 anos) tem diabetes, é insulon-depoendente, e é (muito) complicado explicar-lhe o porque de comer saladas, verduras, em vez de Bollycaos como as amigas comem.

    (Para 1º comentário quase parece um best-seller)

    Beijinho,vou passando, oumelhor, comentando ok?

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  2. Ah...e os erros ortográficos que dei acima explicam-se pela falta de descanso, a implorar férias urgentemente :)

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  3. lol, fizeste-me lembrar um ditado popular: "filha(o) um dia mãe(pai) serás!"
    sabes enquanto estamos na casa dos nossos pais criticamos muita coisa mas quando temos filhos somos criticados por eles com as mesmas criticas que fazíamos anos atrás aos nossos pais!

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  4. Autora de Sonhos

    Ainda bem que gostas, não precisas de ser discreta, vai entrando e deixa o teu comentário, fico muito contente quando sou visitada, basta deixar um hello. Geralmente só faço um post por mês. O tempo é pouco e a inspiração também escasseia.
    Este assunto da “sobrevivência” é deveras muito pertinente. Dantes sobrevivia-se semeando a terra, hoje sobrevive-se gerindo o dinheiro, a alimentação regrada também é um modo de sobrevivência. A globalização que nos entra pela porta dentro também mata …Será que os jovens também adquirem instintos de sobrevivência a longo prazo?
    Beijinho e volta sempre ….


    Não te preocupes, só não erra quem nada faz …..herrar é umano ;)

    Salsa

    Lembrei-me disso enquanto escrevia o post, mas os tempos eram outros e não havia nem metade das tentações que há agora. Nós éramos uns anjinhos sem asas! :)

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  5. Ola Tia imagine o que e' viver num pais como este? nao preciso de dizer mais nada
    beijinhos uma boa semana

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  6. Autora de Sonhos

    ahahaha...beijo, bejo, beijoca,muxoxo é chocho nacional,agora o bejo é o meu preferido é alentejano ferrenho é assim como o cucre (açúcar, mas, em via das dúvidas envio-te um beijo
    Volta sempre!

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  7. na america profunda

    A minha amiga assídua dos Staites. Gostei!....Uma boa semana também :)

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  8. Bem, é verdade. Antigamente vivia-se pior, mas acho que se comia melhor! Hoje em dia é tudo tão... tão... nem sei! Temos de educar os miudos de hoje, para amanha terem civismo, educação, compreensão e cabecinha!
    Obrigado pelo comentario, mas de facto ando mesmo mesmo paranoico, stressado com o estágio. Super desanimado e ainda falta tanto para acabar! :S é mau ate te esforçares e no fim não ter valido a pena! =(

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  9. Gonçalo

    ...sei, artificial, é isso que também penso :)
    o resto cabe aos pais ensinar, o que vai ser difícil.
    ..vale sempre apena, um dia de onde menos se espera aparece alguém que se lembra de nós, além disso adquires "bagagem" ;) de vagar se vai longe...é preciso é persistência e sempre um sorriso :)

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  10. É muito importante educar os seus filhos desde pequenos nesse sentido Tia Complicações. Quando era pequeno os meus pais desleixaram-se um pouco nesse aspecto, e hoje não tenho muito interesse em aprender a cozinhar bem, com muita pena minha.
    Mas uma coisa que sempre me incutiram foi a comer tudo. Se eu dissesse que não gostava dum prato, eles faziam-no de novo, e eu passava a gostar de alguns. Ensinaram-me a não provar com os olhos, a saborear apenas com o paladar.
    Mesmo assim, nesse aspecto, não estamos muito mal. Em Portugal temos uma gastronomia riquíssima, e a tendência é transmiti-la de geração em geração. Eu espero do fundo do meu coração que daqui a cem, duzentos, trezentos anos ela ainda cá esteja.

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  11. Fábio Silva

    A astronomia mediterrânea é muito rica e variada, Só espero que com o tempo os meus filhos aprendam a apreciar também a comida mais saudável... os seus pais nesse aspecto educaram-no bem :)

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  12. BOA TIA,

    Se eu fosse sua filhota, n tinha o que se preocupar....

    eu bem digo que n sou deste tempo, lol

    BÊJO :)))

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  13. sereia, da flor branca e lilas

    É desse tempo pois, de pequenino é que torce o pepino :)

    Uma boa alimentação tem os seus benefícios, no presente e no futuro :)

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  14. Gosto muito de a ler,mas seria possível de pôr a escrita mais escura? Obrigada e desculpe.
    Se não quiser não faz mal,o blogue é seu.

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