sexta-feira, 29 de julho de 2011

A DOR DA SAUDADE



Saudade e ausência são palavras que fazem parte do nosso vocabulário, mas que poucos sabem o seu significado porque se confundem.

Saudade é aquilo que dói, ausência é uma dor física, que tem origem na saudade.

Hoje sei exactamente que ausência é a falta que jamais será preenchida, enquanto saudade é a lembrança de algo ou alguém que marcou muito nossas vidas e que poderá vir a repetir-se.

Aprendi que a ausência tem origem no apego, na afeição no afinco na dedicação, mas é apenas matéria. O apego é dependência que deve cair no esquecimento. A saudade é um sentimento que faz sofrer, mas faz-nos viver. Quem é que nunca sentiu saudade?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

QUALIDADE





No gabinete toca o telefone…

TC: Sim, Drª
DRA: Quando é que a TC vai tirar férias
TC: Uhmmm… vou tirara férias a partir do dia 17 desde mês.
DRA: Fica por cá?
TC: Não sei, talvez!...
DRA: Temos que ter 20 horas de formação até ao fim do ano. Por isso tem que vir trabalhar para a T. poder ir à formação. Deixa lá ver se disponibilizam o formador para se deslocar aqui.
TC: Que formação é?
DRA: É a qualidade.
TC: QUALIDADE? Que qualidade!!!!.... (não me parece que o formador venha dar formação a três funcionários, sim porque o quarto funcionário tem que assegurar os Serviços) Qualidade começa pelos meios humanos necessários ao funcionamento dos Serviços.

A situação por vezes caricata deixa os clientes na ponta da corda. A coisa passa-se mais ou menos assim, quando por algum motivo dois dos funcionários não vão trabalha.
TC: (para o cliente) Por favor, sente-se, em que lhe posso ser útil (nisto toca o telefone, do outro lado do telefone a TC é informada que tem clientes na outra secção para serem atendidos).
TC : atende o cliente assim …ZZZiiipppppp….despede-se do cliente (a boa educação acima de tudo) e vai para a outra secção……
TC: Boa tarde desculpe ter que esperar um pouco…(nisto passa outro cliente para a outra secção)
TC : (para o cliente que se está a dirige para a outra secção) ….Tire uma senha e aguarde um pouco, por favor...

Bem, os clientes por vezes esperam E DESESPERAM porque os assuntos não são todos céleres o quanto a TC gostaria ….se há dias em que há pouca gente, há outros que parece a fila para o autocarro…TC, pensa, respira e expira, tem calma, mostra lá o tal sorriso (amarelo)…

sábado, 16 de outubro de 2010

ANGÚSTIA


É um sentimento que faz calafrios num corpo já fragilizado, que aperta o peito e impede o ar de entrar e revigorar a alma...

A angústia quando está presente acompanha-nos durante todo o dia. Em casa, no emprego naqueles momentos em que inadvertidamente se fixa o olhar no vazio num pensamento longínquo, em que a sensibilidade emerge do fundo dessa angústia que nos atormenta.
Na calada da noite aqueles sonhos agitados que se confundem com o pensamento que fazem repensar e duvidar, se foi sonho, ou o pensamento, que vagueou durante a noite, como sombra a ameaçar a existência de quem não tem vontade de existir. Por uns momentos o ar falta, sofregamente inspira-se uma lufada de ar como se fosse a última, e expira-se a saudades que se sente de um amor que se perdeu, do presente incolor, do futuro que se mostra incerto com a ameaça de nos deixar descobertos de emoções …

Outro dia começa, o sol morno de um Outono que se advinha, em nada aquece o corpo já fragilizado, que teima em sentir calafrios, que aperta o peito e impede o ar de entrar e revigorar a alma…

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Instinto de Sobrevivência

Foto retirada daqui

Vejo da janela do escritório num pequeno espaço verde um grupo de crianças brincava debaixo de uma robusta laranjeira. Ao lado estava um outro grupo de crianças acompanhadas das educadoras a plantar vegetais. Faziam um buraquinho no solo e plantavam os pequenos vegetais, tapavam com terra, regavam e refaziam novamente o rego na terra para a água não escorrer pelo outro lado. No fim da labuta manual, só faltou catalogar os vários vegetais ali plantados. Tarefa que calhou às educadoras. Sobre a supervisão das educadoras estavam a divertir-se e a aprender os instintos básicos da sobrevivência. Sentei-me e pensei nos rostos anónimos que por ali têm passado.

Uma palavra me veio à memória SOBREVIVÊNCIA é uma palavra que deve ser reaprendida, estudada e assimilada.

Questionei-me sobre os instintos de sobrevivência, os meus e dos que me são mais queridos.

Os valores fundamentais que tenho ensinado aos meus filhos e a disciplina de sobrevivência não fazem parte dos programas básicos de ensino.

A pouco e pouco tenho tentado sensibilizá-los para a situação em que o país se encontra, a precariedade com que algumas famílias sobrevivem.

É complicado tentar fazer entender os meus filhos que não ter computador novo, telemóvel, ou aumento na mesada é menos grave que não ter dinheiro para pagar as contas de manutenção da casa e ter comida na mesa. Que há pessoas que têm bons automóveis, boas habitações e vestem roupas de marcas, no entanto perdem os seus empregos e…. não têm como se alimentarem, batendo mesmo no fundo do poço.

Neste contexto a controvérsia começa todos os dias à hora das refeições são pontuais as criticas aquilo que comem.

A carne é mais barata que o peixe, porque é que insistes em comprar peixe, saladas e legumes sabem a ervas….blá,blá,blá…..o arroz, massa e batatas são suficientes. Argumento que aqui não está o preço dos alimentos, mas sim o preço da saúde. Dou-lhes lições de gastronomia. Passo a discursar que na minha adolescência os alimentos que faziam parte da alimentação da maioria dos portugueses eram mais naturais, não existiam aromas e sabores artificiais, as natas não faziam parte da alimentação diária, era tudo confeccionado ao natural, não existiam alimentos pré-cozinhados, nem congelados. Por isso a alimentação era mais racional. Algumas pessoas viviam das pequenas hortinhas, outras das colheitas dos agricultores portugueses. As pessoas viviam, e viviam bem, pudera, não conheciam outra realidade. Agora será mais difícil tentar viver como antigamente, a realidade é outra, as pessoas estão habituadas a todas as mordomias, aos produtos importados. Tal como vocês vão ter muito que apreender um dia. E eu também a, reaprender ……. (em tom de ameaça) Um dia vocês vão ver, até as espinhas comem….

Acabo o sermão um pouco nostálgica, tanto que me apetecia aquelas comidinhas de antigamente, sopa tomate, sopa de cação, sopa de beldroegas, sopa de feijão... blá..blá

A resposta é sempre a mesma, então faz, mas só para ti… nós também gostamos de migas, de cozido à portuguesa, carne porco frita, são comidas tradicionais, assados blá..blá…

Como sensibilizá-los que comemos para viver e não vivemos para comer. O que mais me preocupa não é só a alimentação calórica mas a falta quase total de vegetais na alimentação deles. E se um dia a crise chegar à mesa daquelas alminhas! Como iram encarar os legumes, as saladas, as sopas, os guisados, atum e salsichas, (enlatados) atum, sim, porque de atum, quer dizer, lasanha até gostam. Valha-me isso! Pois claro, tem natas...


domingo, 4 de julho de 2010

E esta heim...




O sol escalda, o dia promete ser muito quente e muito atribulado logo pela manhã, tendo em conta a quantidade de pessoas que já estavam à porta à espera que a repartição abra. Por isso é agradável ter um ar fresco e um sorriso de orelha a orelha.

TC: Por favor. (gesticula para a pessoa que está á porta, entrar e se sentar) Bom dia.
 
Cliente: (assim com um tom de voz esticada e cantada) Óh sinhoora nã posso pagar issso (atira com uns papeis para cima da secretária)

TC: Vamos lá ver, o que se pode fazer. (atentamente observa os papeis muito amarrotados e sujos e…) ….. falta aqui um documento…blá,blá, blá…. Vive do quê? blá,blá,blá….

Cliente: Aiií…oh sinhora eu nã ricêbo nada e nã possso pagaar. Teeenho seti felhinhos (lamuriou até azucrinar a paciência ao santo)

TC: Não pode ser. Então vive do quê?

Cliente: Aiiiiiiií dos aboonos dos mes felhinhos.

TC: Os abonos? Os abonos são para as crianças!....

Cliente: Ó sinhora vivo dos abonos e de uns biscates…..só recêebo 36 contos por cada felhinho. (arrecadou os papéis levantou-se e foi não sei onde….)

TC: ??? 36 contos $...€…$...€… Ó T. ouviste?

T: Ouvi, ouvi, 36 contos por “felhinho”. São, são 175€

TC: Vezes sete….dá.dá…1225€, limpos, livres de impostos. Ganha mais que eu ……Estamos nós a descontar para isto?
No que é que esta gente contribui para a sociedade?

T: Nada….na televisão dizia um que não podia trabalhar, porque se trabalhasse não podia ir à pesca. Alguma vez viste algum na construção civil?

TC: ????? …tou a pensar seriamente em mudar de carreira. Campismo selvagem e uma dúzia de putos.


quarta-feira, 2 de junho de 2010



Sinto-me tãoooo feliz por este mimo da minha querida Sereia da Flor Branca e Lilás. Sinto-me como uma piquinina a quem deram um doce e contaram uma história de ..... amizade .
Estou vaidosa como uma pavoa.
Sei que o meu blogue pela falta de post’s novos é dos mais pobrezinhos da blogosfera, mas também tenho a noção que é dos mais verdadeiros.
Esta verdade nunca foi dita a ninguém…
Ofereço o meu selo a estes blogues que acho verdadeiros…. TCHAN…TCHAN….

Apenas 24 horas
Cheirinho a Éter
Diário da minha vida
Sei que consigo

sábado, 15 de maio de 2010

A doença do progresso ….


Outro dia a Professora estava muito preocupado. Ligava e desligava o telemóvel até que D. C comentou que ela estava incomodada com alguma coisa.

Por fim a Professora desabafou e disse que a causa da sua preocupação era um amigo de longa data que tinha desaparecido da convivência habitual do grupo. Há semanas que não saia de casa, e quando saia largava logo os amigos para ir para casa e sentar-se em frente do PC.

A Professora foi visitá-lo e foi muito mal recebida por ele. Saiu de lá ainda mais preocupada. O amigo estava uma lástima, lixo abundava naquele apartamento e havia um cheiro nauseabundo. Dizia ela num grito de desespero:

- Esse meu amigo não é propriamente uma criança, já tem 35 anos, não sei o que fazer!

Aprontei-me logo a explicar à Professora que o amigo dela não estava realmente bem e que precisava de ajuda profissional que aquilo que ela me descrevia dá pelo nome de ludopatia .

A Professora ficou admirada: “- Ludo…..quê!!!!!!!!!!!..”

D. C que é enfermeira reformada disse logo: ”- Ludomania, porque patia é patologia e isso é doença.”

Ludopatia é um vicio um modo de escravatura, as pessoas tornam-se obsessivas ao ponto de só pensarem no jogo, deixam de se cuidar, de socializar, perdem os amigos, o emprego, enfim, tudo o que possuem. É um vício terrível que alicia as pessoas tornando-as irritáveis e a ter comportamentos inadequados.

Esta é uma história igual a tantas outras que existem por este mundo fora. Infelizmente esta pode ser a nossa história a história de alguém que nos é próximo.