Saudade e ausência são palavras que fazem parte do nosso vocabulário, mas que poucos sabem o seu significado porque se confundem.
Saudade é aquilo que dói, ausência é uma dor física, que tem origem na saudade.
Hoje sei exactamente que ausência é a falta que jamais será preenchida, enquanto saudade é a lembrança de algo ou alguém que marcou muito nossas vidas e que poderá vir a repetir-se.
Aprendi que a ausência tem origem no apego, na afeição no afinco na dedicação, mas é apenasmatéria. O apego é dependência que deve cair no esquecimento. A saudade é um sentimento que faz sofrer, mas faz-nos viver. Quem é que nunca sentiu saudade?
TC: Sim, Drª DRA: Quando é que a TC vai tirar férias TC: Uhmmm… vou tirara férias a partir do dia 17 desde mês. DRA: Fica por cá? TC: Não sei, talvez!... DRA: Temos que ter 20 horas de formação até ao fim do ano. Por isso tem que vir trabalhar para a T. poder ir à formação. Deixa lá ver se disponibilizam o formador para se deslocar aqui. TC: Que formação é? DRA: É a qualidade. TC: QUALIDADE? Que qualidade!!!!.... (não me parece que o formador venha dar formação a três funcionários, sim porque o quarto funcionário tem que assegurar os Serviços) Qualidade começa pelos meios humanos necessários ao funcionamento dos Serviços.
A situação por vezes caricata deixa os clientes na ponta da corda. A coisa passa-se mais ou menos assim, quando por algum motivo dois dos funcionários não vão trabalha. TC: (para o cliente) Por favor, sente-se, em que lhe posso ser útil (nisto toca o telefone, do outro lado do telefone a TC é informada que tem clientes na outra secção para serem atendidos). TC : atende o cliente assim …ZZZiiipppppp….despede-se do cliente (a boa educação acima de tudo) e vai para a outra secção…… TC: Boa tarde desculpe ter que esperar um pouco…(nisto passa outro cliente para a outra secção) … TC : (para o cliente que se está a dirige para a outra secção) ….Tire uma senha e aguarde um pouco, por favor...
Bem, os clientes por vezes esperam E DESESPERAM porque os assuntos não são todos céleres o quanto a TC gostaria ….se há dias em que há pouca gente, há outros que parece a fila para o autocarro…TC, pensa, respira e expira, tem calma, mostra lá o tal sorriso (amarelo)…
É um sentimento que faz calafrios num corpo já fragilizado, que aperta o peito e impede o ar de entrar e revigorar a alma...
A angústia quando está presente acompanha-nos durante todo o dia. Em casa, no emprego naqueles momentos em que inadvertidamente se fixa o olhar no vazio num pensamento longínquo, em que a sensibilidade emerge do fundo dessa angústia que nos atormenta.
Na calada da noite aqueles sonhos agitados que se confundem com o pensamento que fazem repensar e duvidar, se foi sonho, ou o pensamento, que vagueou durante a noite, como sombra a ameaçar a existência de quem não tem vontade de existir. Por uns momentos o ar falta, sofregamente inspira-se uma lufada de ar como se fosse a última, e expira-se a saudades que se sente de um amor que se perdeu, do presente incolor, do futuro que se mostra incerto com a ameaça de nos deixar descobertos de emoções …
Outro dia começa, o sol morno de um Outono que se advinha, em nada aquece o corpo já fragilizado, que teima em sentir calafrios, que aperta o peito e impede o ar de entrar e revigorar a alma…
Vejo da janela do escritório num pequeno espaço verde um grupo de crianças brincava debaixo de uma robusta laranjeira. Ao lado estava um outro grupo de crianças acompanhadas das educadoras a plantar vegetais. Faziam um buraquinho no solo e plantavam os pequenos vegetais, tapavam com terra, regavam e refaziam novamente o rego na terra para a água não escorrer pelo outro lado. No fim da labuta manual, só faltou catalogar os vários vegetais ali plantados. Tarefa que calhou às educadoras. Sobre a supervisão das educadoras estavam a divertir-se e a aprender os instintos básicos da sobrevivência. Sentei-me e pensei nos rostos anónimos que por ali têm passado.
Uma palavra me veio à memória SOBREVIVÊNCIA é uma palavra que deve ser reaprendida, estudada e assimilada.
Questionei-me sobre os instintos de sobrevivência, os meus e dos que me são mais queridos.
Os valores fundamentais que tenho ensinado aos meus filhos e a disciplina de sobrevivência não fazem parte dos programas básicos de ensino.
A pouco e pouco tenho tentado sensibilizá-los para a situação em que o país se encontra, a precariedade com que algumas famílias sobrevivem.
É complicado tentar fazer entender os meus filhos que não ter computador novo, telemóvel, ou aumento na mesada é menos grave que não ter dinheiro para pagar as contas de manutenção da casa e ter comida na mesa. Que há pessoas que têm bons automóveis, boas habitações e vestem roupas de marcas, no entanto perdem os seus empregos e…. não têm como se alimentarem, batendo mesmo no fundo do poço.
Neste contexto a controvérsia começa todos os dias à hora das refeições são pontuais as criticas aquilo que comem.
A carne é mais barata que o peixe, porque é que insistes em comprar peixe, saladas e legumes sabem a ervas….blá,blá,blá…..o arroz, massa e batatas são suficientes. Argumento que aqui não está o preço dos alimentos, mas sim o preço da saúde. Dou-lhes lições de gastronomia. Passo a discursar que na minha adolescência os alimentos que faziam parte da alimentação da maioria dos portugueses eram mais naturais, não existiam aromas e sabores artificiais, as natas não faziam parte da alimentação diária, era tudo confeccionado ao natural, não existiam alimentos pré-cozinhados, nem congelados. Por isso a alimentação era mais racional. Algumas pessoas viviam das pequenas hortinhas, outras das colheitas dos agricultores portugueses. As pessoas viviam, e viviam bem, pudera, não conheciam outra realidade. Agora será mais difícil tentar viver como antigamente, a realidade é outra, as pessoas estão habituadas a todas as mordomias, aos produtos importados. Tal como vocês vão ter muito que apreender um dia. E eu também a, reaprender ……. (em tom de ameaça) Um dia vocês vão ver, até as espinhas comem….
Acabo o sermão um pouco nostálgica, tanto que me apetecia aquelas comidinhas de antigamente, sopa tomate, sopa de cação, sopa de beldroegas, sopa de feijão... blá..blá
A resposta é sempre a mesma, então faz, mas só para ti… nós também gostamos de migas, de cozido à portuguesa, carne porco frita, são comidas tradicionais, assados blá..blá…
Como sensibilizá-los que comemos para viver e não vivemos para comer. O que mais me preocupa não é só a alimentação calórica mas a falta quase total de vegetais na alimentação deles. E se um dia a crise chegar à mesa daquelas alminhas! Como iram encarar os legumes, as saladas, as sopas, os guisados, atum e salsichas, (enlatados) atum, sim, porque de atum, quer dizer, lasanha até gostam. Valha-me isso! Pois claro, tem natas...
O sol escalda, o dia promete ser muito quente e muito atribulado logo pela manhã, tendo em conta a quantidade de pessoas que já estavam à porta à espera que a repartição abra. Por isso é agradável ter um ar fresco e um sorriso de orelha a orelha.
TC: Por favor. (gesticula para a pessoa que está á porta, entrar e se sentar) Bom dia.
Cliente: (assim com um tom de voz esticada e cantada) Óh sinhoora nã posso pagar issso (atira com uns papeis para cima da secretária)
TC: Vamos lá ver, o que se pode fazer. (atentamente observa os papeis muito amarrotados e sujos e…) ….. falta aqui um documento…blá,blá, blá…. Vive do quê? blá,blá,blá….
Cliente: Aiií…oh sinhora eu nã ricêbo nada e nã possso pagaar. Teeenho seti felhinhos (lamuriou até azucrinar a paciência ao santo)
TC: Não pode ser. Então vive do quê?
Cliente: Aiiiiiiií dos aboonos dos mes felhinhos.
TC: Os abonos? Os abonos são para as crianças!....
Cliente: Ó sinhora vivo dos abonos e de uns biscates…..só recêebo 36 contos por cada felhinho. (arrecadou os papéis levantou-se e foi não sei onde….)
TC: ??? 36 contos $...€…$...€… Ó T. ouviste?
T: Ouvi, ouvi, 36 contos por “felhinho”. São, são 175€
TC: Vezes sete….dá.dá…1225€, limpos, livres de impostos. Ganha mais que eu ……Estamos nós a descontar para isto?
No que é que esta gente contribui para a sociedade?
T: Nada….na televisão dizia um que não podia trabalhar, porque se trabalhasse não podia ir à pesca. Alguma vez viste algum na construção civil?
TC: ????? …tou a pensar seriamente em mudar de carreira. Campismo selvagem e uma dúzia de putos.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Sinto-me tãoooo feliz por este mimo da minha querida Sereia da Flor Branca e Lilás. Sinto-me como uma piquinina a quem deram um doce e contaram uma história de ..... amizade . Estou vaidosa como uma pavoa. Sei que o meu blogue pela falta de post’s novos é dos mais pobrezinhos da blogosfera, mas também tenho a noção que é dos mais verdadeiros. Esta verdade nunca foi dita a ninguém… Ofereço o meu selo a estes blogues que acho verdadeiros…. TCHAN…TCHAN….
Outro dia a Professora estava muito preocupado. Ligava e desligava o telemóvel até que D. C comentou que ela estava incomodada com alguma coisa.
Por fim a Professora desabafou e disse que a causa da sua preocupação era um amigo de longa data que tinha desaparecido da convivência habitual do grupo. Há semanas que não saia de casa, e quando saia largava logo os amigos para ir para casa e sentar-se em frente do PC.
A Professora foi visitá-lo e foi muito mal recebida por ele. Saiu de lá ainda mais preocupada. O amigo estava uma lástima, lixo abundava naquele apartamento e havia um cheiro nauseabundo. Dizia ela num grito de desespero:
- Esse meu amigo não é propriamente uma criança, já tem 35 anos, não sei o que fazer!
Aprontei-me logo a explicar à Professora que o amigo dela não estava realmente bem e que precisava de ajuda profissional que aquilo que ela me descrevia dá pelo nome de ludopatia .
A Professora ficou admirada: “- Ludo…..quê!!!!!!!!!!!..”
D. C que é enfermeira reformada disse logo: ”- Ludomania, porque patia é patologia e isso é doença.”
Ludopatia é um vicio um modo de escravatura, as pessoas tornam-se obsessivas ao ponto de só pensarem no jogo, deixam de se cuidar, de socializar, perdem os amigos, o emprego, enfim, tudo o que possuem. É um vício terrível que alicia as pessoas tornando-as irritáveis e a ter comportamentos inadequados.
Esta é uma história igual a tantas outras que existem por este mundo fora. Infelizmente esta pode ser a nossa história a história de alguém que nos é próximo.